Um brasileiro

Recebi esse relato de um leitor do blog, junto com um currículo.

Assim que comecei a ler fui sentindo a verdade escorregando das entrelinhas e comecei a me emocionar.

Percebi que essa narrativa, muito mais do que uma história pessoal, mostra a cara do Brasil dos últimos 40 anos. Um relato sociológico da nossa evolução como sociedade.

Fui prestando atenção ao desenrolar dos fatos cotidianos de uma camada da população que está ascendendo e construindo uma outra vida para seus descendentes.
Do cenário agrário ao urbano em 4 décadas.

O mais bacana é que essa história, que ainda está sendo contada, traz um final surpreendentemente feliz, em função das iniciativas do protagonista.

Posso estar enganada, mas nas mãos de um bom roteirista essa narração viraria um filme, fácil, fácil.

Apaguei todos os vestígios pessoais, pedi permissão ao autor e achei que seria didático publicá-lo.

Mesmo grande como ficou. Afinal, em tempos de 140 caracteres, um texto de cinco laudas com mais de 13.000 caracteres é quase uma enciclopédia...

Atendo pessoas que nunca souberam o que é uma dificuldade na vida. Que não sabem, nem querem saber, de nada além do seu mundo plastificado e digital.
Essa história pode nos trazer de volta à realidade do dia a dia, onde a vida acontece de verdade. Dizem que olhar além do umbigo faz bem. Quem sabe?

________________________________________

"Nasci em São Paulo, capital. Meu pai foi torneiro mecânico, pastor evangélico, ascensorista e porteiro. Minha mãe, do lar e atendente de enfermagem. Ambos tiveram uma vida difícil com muita luta e dificuldade.

Quando meus pais se conheceram, ele era pastor missionário. Se casaram, ela com 28 e meu pai com 35 anos.
Naquela época não fizeram um planejamento adequado, casaram com poucas coisas e foram construindo aos poucos.

Moravam em São Paulo e minha mãe foi trabalhar de assistente de produção numa fábrica e meu pai de zelador em uma igreja, onde morávamos.

Não me recordo muito dessa fase, aliás, sei que era difícil. Os dois trabalhavam muito e quase não me lembro de termos viajado.

Meus avôs eram pessoas humildes. Não sabiam ler nem escrever. Pessoas do campo. Trabalhavam na lavoura, sonhavam com um futuro melhor para seus filhos e netos.
Meu pai conta que quando passava um avião, meu avô dizia: "...
um dia um fio meu vai dirigir um troço que voa igual esse...". Tiveram 15 filhos.

Meu avô materno, não conheci, dizem que era tocador de viola caipira, homem das serenatas, cantava, dizia que seria ator, e gente famosa, era um contador de piadas.

Minha avó, era do lar e eu vivi um bom tempo de minha infância com ela, admirava seus cabelos escuros e compridos

Recordo-me quando ganhamos nossa primeira televisão. Depois meus pais ganharam um terreno de presente de meu tio. Era muito grande 250 m², 10 de frente e 25 de fundo. Construíram um sobrado e fomos morar lá. Nos mudamos em 1979.

Eu era o responsável para cuidar de meus irmãos. Me lembro que quando tinha 14 anos, meu irmão então com 7 anos, não estava bem - uma gripe forte - e eu o levei ao pronto socorro. Enquanto ele estava sendo medicado, ouvi a enfermeira dizer que ia chamar a assistente social, pois eu era menor de idade. A medicação acabou e eu sai fugido com meu irmão de lá.

Nessa época veio a primeira TV a cores. Nossa, nem jantamos aquele dia. Também veio o som 3 em 1. Que coisa espetacular! Somos todos apaixonados por música, todos tocamos um instrumento lá em casa.

Aos 14 anos comecei trabalhar empurrando carrinho de feira. Trabalhava as terças, quintas e sábados, pra ganhar uns trocados e também pela diversão.

Todos estudamos em colégios públicos. Eu era apaixonado por matemática, cálculo, física e educação física, mas era péssimo em língua portuguesa.

Comecei a trabalhar com carteira registrada com 15/16 anos como office boy, em uma empresa de importação e exportação, no centro de São Paulo.

Nessa época eu andava preocupado, pensava que profissão escolher. Queria ser torneiro mecânico ou engenheiro civil. Fiz um teste no Senai para o curso de torneiro mecânico, passei na primeira fase e não fiz a segunda prova.

Minha mãe dizia que engenharia iria acabar e que os engenheiros seriam trocados por computadores. A profissão do futuro era informática. Não sei de onde ela tirou isso.

Tinha um primo que era programador num grande Banco e já era bem de vida.

Aos poucos me deixei escolher por aquela profissão, fui influenciado, não pelo sucesso financeiro, mas meu primo tinha um computador na casa dele, ohhhh eu queria mexer naquele negócio.

Nessa época fui trabalhar como office boy de uma gerente de uma grande empresa onde meu pai trabalhava como porteiro. Em algumas conversas com ela, falei do meu desejo de trabalhar com tecnologia, então com a influência que ela tinha me arrumou um "estágio" de 1 hora diária para conhecer os computadores do CPD da empresa.

Quer maior influência que essa?

Aos 18 anos entrei para a faculdade para fazer o curso de Processamento de Dados noturno.

Nesse período grandes coisas mudaram, pois comecei a trabalhar como caixa no Banco que meu primo já trabalhava. Planejava, ao término da faculdade, uma transferência para a sede do Banco. Imaginava que meu primo pudesse me ajudar.

Para enriquecer o currículo, fiz um curso de lógica de programação estruturada e linguagem COBOL, numa das melhores escolas do mercado. Gostei muito da profissão e meu desempenho nos teses e avaliações me mostravam um futuro muito bom.

Em Março de 1993, encerrando a faculdade e já com o curso de COBOL, pedi ao Gerente Geral da Agência que me arrumasse uma transferência para trabalhar na sede do Banco. Meu primo dizia que a solicitação deveria partir do gerente. Não deu muito certo, a transferência não veio, e fiquei encarregado de cuidar dos computadores da agência e dos caixas 24 horas.

Em Outubro de 1993, participei de um processo de estágio em outro Banco, passei em todos os testes, porém não fui chamado, isso me deixou apreensivo.

Em Dezembro de 1993 com o término da faculdade, não podia ficar esperando. Radicalizei, pedi a conta e sai do Banco. A idéia era ter mais tempo para dar foco na busca de um estágio.

Com 21 anos, sai atrás de um estágio. Como é cruel, não sabia do CIEE. Louco por uma oportunidade procurei em várias grandes empresas e nada.
Não sei porque minha chance não vinha.

Meu pai me perseguindo, me ajudava a segurar as pontas, mas tinha momentos que a coisa ficava feia.
Nessa época eu tocava contrabaixo para algumas bandas de rock evangélico e fazia alguns arranjos musicais, então várias pessoas me procuravam em casa. Nossa, meu pai queria me matar.

Em em uma festa de aniversário, um tio - sargento da aeronáutica - me colocou em contato com outro primo que era comandante de uma empresa aérea. Ele ficou encantado. Lembrava-se de mim bem pequeno e tentou me ajudar. Disse que eu deveria tentar a profissão de piloto também. Me passou o telefone de um amigo que tinha uma escola de Aviação no Campo de Marte. Segundo ele, era ligar que eu já estaria matriculado, só tinha que escolher entre ser piloto de avião ou helicóptero.

Outro tio ouvindo a história me deu um jornal de classificados daquele domingo e me aconselhou a insistir no estágio, pois já havia feito algum investimento em conhecimento.

Na segunda-feira, mal amanheceu fui pro orelhão - não tínhamos telefone em casa naquela época. Liguei para a escola de Aviação e estava matriculado, mas o restante do curso deveria ser pago e o custo não era pouco.

Desanimado, peguei o jornal que meu tio havia me dado e comecei a ler os anúncios. Ali tinha um chamado de outro Banco, o mesmo no qual eu havia feito um teste 6 meses atrás. Enviei outro currículo.

Fui chamado para os testes, mas não criei muitas expectativas, a vaga era para programador trainee.

Era maio de 1994, não me esqueço dessa data, pois foi quando Ayrton Senna morreu.

Dias depois o Banco me chamou para iniciar o estágio, em Junho. Que alegria, já estava desistindo, quer dizer estava desacreditado e essa vitória renovou minhas esperanças.

Aprendi muito nesse estágio, que era todo voltado para a programação de Grande Porte. Minha gerente era muito exigente comigo e com todos. Em outubro do mesmo ano fui admitido como programador COBOL. Fiquei muito feliz!

Fui alocado na equipe de contas correntes e nessa equipe desenvolvi vários trabalhos. Fui promovido à analista de sistemas junior.

Nessa época conheci minha esposa e nos casamos.

Em Outubro de 1998, busquei novas oportunidades de mercado e fui trabalhar como analista de sistemas pleno numa empresa de tecnologia de outro Banco. Foi um desafio, pois esse Banco havia sido vendido recentemente e em momentos de fusão muitas dúvidas e inseguranças surgem, mas trabalho não faltava.

Em Julho de 1999 fiquei seduzido para trabalhar free para as atividades da virada no milênio. Os ganhos seriam três maiores do que os do Banco. Então fui prestar serviço para outro Banco e dois meses depois fui efetivado como Analista de Sistemas. Gostei do ambiente desse outro Banco.

Passado o ano 2000, comecei a me inquietar, pois apesar do ambiente muito bom, não percebia oportunidades de crescimento, nem profissional nem financeiro. Já era Setembro de 2001.

Até então já havia feito grandes projetos para o Banco, mas falasse na época em PDV, em cortes e uma nova estrutura de RH implementada por um novo Diretor, e isso diminuía ainda mais as expectativa de crescimento.
Oportunidade de mudança de área existiam, mas não eram bem vistas pelo novo Diretor.

Nessa mesma época, num churrasco de família, conversando com um primo - advogado superintendente de uma estatal - e nesse dia ouvi falar de projeto de vida.
De forma muito clara soube que necessitava de um. Rapidamente fiz um projeto de vida, com duas vertentes, profissional e pessoal.

Na profissional identifiquei alguns gaps que necessitavam ser ajustados.

Em Janeiro de 2002 iniciei uma pós graduação, Análise de Sistemas, numa Universidade de primeira linha e entendi que necessitava me qualificar melhor sobre o processo de desenvolvimento de software.

Também fui buscar outra oportunidade de mercado e fui trabalhar como prestador de serviço para mais um Banco, agora num projeto inovador. Fui compor uma equipe que seria a linha de frente na identificação de bug´s do sistema.

Um contato da pós me passou uma oportunidade em outro Banco, o qual achei bastante interessante.
Era para trabalhar como prestador de serviços, mas como desenvolvedor de sistemas. Em Novembro de 2002 iniciei minhas atividades na área de tecnologia desse outro Banco e fui trabalhar com sistemas de cadastros de clientes.

Após o término da pós, voltei ao meu plano profissional e esse apontava que eu precisava me preparar na área de gestão. Com minha qualificação acadêmica toda direcionada à área técnica era necessário um curso de gestão.
Em agosto de 2003 iniciei um MBA em Gestão Estratégica de Tecnologia da Informação na FGV.

Certa manhã dando uma olhada no caderno de classificados do Estadão, li um anúncio de emprego de um grupo estrangeiro gigante de telefonia no Brasil. Uma oportunidade de analista de negócios, com conhecimento em sistemas de cobrança.

Tive experiência com esses processos nos Bancos e arrisquei enviar meu currículo.

Fui chamado para uma entrevista num dia de semana as 20hs00. A superintendente foi me atender as 22hs30, pois estava numa reunião com uma gerente de produtos. Para minha surpresa, essa gerente era uma pessoa que eu havia prestado serviço num dos primeiros Bancos que eu havia trabalhado no início da minha carreira.

Pronto, em Novembro de 2003 estava iniciando minhas atividades como analista de negócios nesse Grupo onde fiquei por 3 anos. Feliz, pois teria uma nova função e grande oportunidade de aprendizado.

Em maio de 2004 minha superintendente me chamou para uma conversa - até achei que era bronca -, pois no processo de desenho funcional que estava fazendo junto com uma consultoria, solicitei uma nova análise, o que gerou polêmica.
Na verdade ela me chamou para fazer um convite, queria que eu fosse para a Europa por um mês.
Logo eu, que nunca havia viajado de avião na vida. ... Dias depois estava embarcando.

O que era para ser 1 mês se transformou em quase 1 ano, me levando a uma experiência fantástica e desafiadora em todos os aspectos. Fui provado no limite. Idioma novo, morar sozinho, gerenciar as atividades do lar, trabalhar focado.

A equipe de trabalho era multi cultural, chilenos, peruanos, argentinos, brasileiros, espanhóis. Participar das discussões técnicas acaloradas foi marcante.

Após esse período voltei, mas não para a mesma operação brasileira da companhia. O escritório que estava na Europa, onde eu havia trabalhado, veio para São Paulo e continuei trabalhando com eles.

Continuei como analista de negócios, porém com forte interação com as equipes/fábricas de correção de software, era o responsável pela gestão das incidências reportadas.

Em Janeiro de 2006 uma amiga que trabalhava em outro Banco falou sobre uma oportunidade que havia sido aberta na equipe de sistemas de análise de crédito. O cargo não era de gestor, mas o analista faria esse papel e também o de desenvolvedor.

Mudei mais uma vez e no mês seguinte iniciei nesse Banco.
Feliz por mais uma oportunidade, assustado porque dois dias antes de iniciar fui chamado por uma antiga gerente de um antigo Banco Americano que eu já havia trabalhado, querendo me contratar como Analista Sênior. Disse a ela sobre minha atual posição e o assunto ficou esquecido, temporariamente.

Ano de copa do mundo, mudança novos desafios e o Brasil perde para a França.
No dia seguinte, a funcionária de RH do Banco americano, num processo de hunting, me liga marcando uma entrevista para uma vaga como coordenador de sistemas.

Não resisti e fui para o Banco. Sonhava com o retorno e com a possibilidade de atuar com projetos de investimentos, área de negócio que iria trabalhar. Em Agosto fiz a transição.

Após três meses como Coordenador do sistemas de multi-fundos, fui promovido a Gerente Desenvolvimento de Sistemas, agora responsável por 12 sistemas de grande porte, sendo os principais, Multi-Fundos, Poupança, CDB, Câmbio, e outros.

Em Fevereiro de 2008, através de um convite para palestras de informática fui apresentado ao coordenador dos cursos de informática de uma faculdade muito conhecida em São Paulo, aonde posteriormente vim a trabalhar como professor universitário nos cursos de desenvolvimento de sistemas.

Atualmente também atuo como professor universitário, lecionando para os cursos de Gestão Financeira, Logística e Sistemas Integrados de Gestão.

Em Novembro de 2008 fui convidado para participar da equipe de gerentes de projetos da área de tecnologia de uma operadora de cartões de crédito. Aceitei o desafio, pois ainda não havia trabalhado com esse segmento. Assumi a gestão de atividades organizacionais, controle de auditoria e o projeto de melhoria de performance dos sistemas locais.

Meus pais sempre lutaram para nos dar o melhor, a mim e meus irmãos. Hoje somos todos encaminhados e formados."

Você conhece histórias bacanas que merecem ser contadas? Quer divulgar? Me envie.

Green Job: Você ainda vai ter um!



Cá pra nós, sustentabilidade e ecodesenvolvimento é muito mais do que uma questão ambiental, é moral.
Ser verde é ser limpo. Por dentro e por fora.


As atividades "verdes" são irreversíveis. Chegaram pra nunca mais sair.


De tempos em tempos aparece uma nova onda. Um modismo de gestão.

Foi assim com a Reengenharia, Qualidade Total, 5S, Governança Corporativa e devem ter outros menos famosos que eu nem lembro agora, isso pra ficar apenas nos últimos 20 anos.


Junto com cada onda dessa vem o seu guru. E junto com cada guru um furor fundamentalista de cursos, livros, seminários, congressos e especializações.
Toda uma indústria bilionária da nova "tendência", artificialmente fabricada para estimular o consumo.

E de onda em onda, chegamos aos Green Jobs.

Quando um tema cai na mídia de massa, a tendência já vem acontecendo há décadas mas ainda não tinha chegado ao senso comum. Só quando vira manchete de um telejornal da TV aberta é que as pessoas começam a se alertar.

Verde é tudo que se liga em atividades que geram baixo carbono. É tudo que estimula a consciência. Que diminui os impactos. Que são projetados pensando em não deixar rastros, lixo, descarte mínimo e reaproveitamento e reciclagem.


Alguns exemplos:

Captação e distribuição de Energia solar e eólica, Logística reversa, Bioconstrução, Produção de Biodisel, Manejo e Reflorestamento, Produção de mudas de espécies nativas para recuperação de matas ciliares e áreas degradadas, Produção de carros híbridos, Saneamento e estações de tratamento, Biodigestores, Agricultura Orgânica, Geração de energia a partir de biomassa, Gestor de ONG - afinal quem toca o dia a dia estratégico e operacional da Ashoka, WWF e Endeavor?


E mais..


Geoprocessamento (principalmente para análise remota de solos vulneráveis e não só para para mapeamento de GPS). Gestor de Projetos e captação de recursos para o terceiro setor. Games com metodologia 3D. Especialista em Cibercultura e Redes Sociais. Programação de jogos em rede. Programação de sistemas hipermídia/multimídia, realidade virtual e jogos eletrônicos. Ferramentas de EAD (Ensino à distância). Gerontologia; Capacitação de cuidadores; Enfermagem Geriátrica; Especialista em design integrado para sustentabilidade.


Talvez seja importante lembrar um detalhe: para que os empregos "verdes" sejam ocupados é preciso fazer uma escola "verde" com professores que ensinem a pensar "verde" e ajudem na aquisição de novas competências "verdes". Famílias e pais verdes, etc, etc, etc.
Deixar para trás o círculo vicioso e caminhar para o virtuoso.

Esse estudo recente da OIT - Organização Internacional do Trabalho, traz um painel das perspectivas desse segmento para o Brasil:

"Empregos Verdes no Brasil: Quantos são, onde estão e como evoluirão nos próximos anos".
Ele pode ser lido aqui

Wow! Enfim uma campanha inteligente!



Campanha Nespresso!

Atenção para a integração de canais, formato, música, fotografia, roteiro e direção de arte.
Muito mais do que apenas um filme publicitário, uma campanha inovadora de mídia digital.

A construção da carreira e a goiabada

Imagem retirada daqui


Tem coisas que até parecem muito semelhantes, mas são bem diferentes no resultado final.


Por exemplo: Goiabada cascão e picolé de goiaba. A matéria prima é a goiaba, o gosto é o mesmo, mas a textura, temperatura e o modo de usar são totalmente diferentes. Picolé é picolé. Já a goiabada pode ser batida com leite, virar recheio de bolo, sobremesa com queijo ou chantilly e o que mais nossa gula permitir.

Picolés são efêmeros. Goiabada é para ser saboreada, desfrutada com calma, durante um bom tempo, misturada ou sozinha. Puro exercício de degustação.


Uma coisa é a arte da gastronomia outra coisa é matar a fome.


Assim também é com carreira e trabalho. Parecem a mesma coisa, mas as diferenças são bem significativas.


Carreira é uma construção planejada de uma trajetória, um roteiro pessoal para a realização de desejos.


Trabalho é ocupação. É o que fazemos todo dia para alcançar o que planejamos para nossa carreira.


No trabalho o foco é raso e o fôlego é curto.

Trabalhamos para cumprir metas e prazos urgentes. Desde chegar na hora e entregar o serviço e/ou produto para o cliente, conviver com os colegas, participar de reuniões, atender fornecedores, receber o salário e pagar as contas.

Uma carreira requer atenção de médio e longo prazo e é bem mais complexa. Sua construção é uma arte e está diretamente ligada à realização das prioridades.


O que você busca para sua vida? Onde quer chegar? Como quer chegar?


Paralelo ao trabalho do dia a dia é preciso separar um tempo para pensar sobre a carreira. Analisar todas as opções que existem, o custo e o benefício de cada movimento.
Como num tabuleiro de xadrez, a inteligência e a estratégia fazem parte da vida profissional.


Qual o roteiro da sua vida profissional? Drama? Comédia? Terror? Ficção?

Assim como nosso país não tem um projeto de futuro, parece que essa maldição cultural também contamina a maioria dos seus habitantes. Planejar nessa terra parece palavrão. E por incrível que pareça vamos viver isso na pele, com os próximos eventos da Copa e da Olimpíadas.


Pode ser que tudo dê certo, sem planejamento?

Tomara que sim! Vamos todos cruzar os dedos! Afinal, Deus não é brasileiro...?

Isso me lembra o trecho de um recente artigo no jornal Valor Econômico, onde o autor comentava sobre o prejuízo do nosso analfabetismo funcional. No texto ele conta que de férias no nordeste, comprou um pacote para um passeio de barco e lembrou-se de perguntar se havia coletes salva-vidas. Sim, tinha vários mas durante o passeio ele viu que eram todos infantis.
Ao questionar o barqueiro ele respondeu: - "
Eu tinha fé em Deus que não iríamos precisar deles". (!?)


A discussão do analfabeto funcional sequer começou a ser pensada por aqui...


Voltando ao tema, nossa identidade pessoal está colada à nossa ocupação funcional. Somos o que fazemos. Nos identificamos com a maneira como o mundo nos vê. Para muita gente, o crachá é quase um objeto sagrado, uma medalha a ser ostentada com orgulho.

Quem você conhece que planeja seu futuro profissional? Se poucos ou nenhum, taí um bom diferencial de mercado para você.


Saber fazer escolhas é um sintoma de amadurecimento emocional. Sempre é muito mais cômodo sermos "escolhidos" e depois reclamar.


Poucos escolhem e planejam, menos ainda os que tem metas, a maioria vai sendo levada pelas circunstâncias.


Alguns até pensam que suas escolhas profissionais são isentas e fazem parte do seu repertório, mas na verdade são profundamente influenciadas pelas escolhas familiares, muito mais do que gostariam de admitir.

E lá na frente, num dia qualquer a pessoa se dá conta que não tá legal. Que há uma insatisfação geral. Nada está bom. E o tal vazio ali presente, como uma sombra inquietante. Quase uma assombração. Daí entra em crise e surta. Isso se não fica desempregado, pego de surpresa por uma crise qualquer.


A hora do sufoco é a hora de buscar um serviço especializado de orientação profissional.

Pensar sozinho sobre a carreira, para a grande maioria das pessoas é muito difícil. O leque de opções é imenso e isso pode ser bom, mas na maioria das vezes confunde e paralisa.

Atendo pessoas de todas as idades que num dado momento da vida, geralmente depois de uma crise, percebem que estão patinando na vida profissional e não estão dando conta de lidar sozinhos com a situação.


Nada avança. Entra ano sai ano parece que tudo está do mesmo jeito. Aí eles resolvem buscar soluções caseiras e iniciam o spam do currículo. Panfletagem pura, sem nenhum...... perdoe a palavra.... planejamento.

E aí a pessoa chega dizendo que está enviando o currículo há 6 meses teve só um telefonema. Não foi chamado nem para uma entrevista. E não sabe o que está acontecendo..... Bem, convenhamos, se depois de 6 meses de spam o currículo não rendeu nenhum chamado, tem alguma coisa errada. Com o currículo do cidadão, é claro!


Enquanto isso.... na sala da justiça do recrutador Jedi:

Quem conhece a rotina de uma empresa de Seleção ou Hunting, sabe bem como a banda toca.
Após aberto o processo seletivo, o recrutador têm que olhar no início do processo, uma média de 500 currículos por dia. Desses, 70% já vão parar na lata de lixo ou são deletados de imediato. Só pelo conteúdo da primeira página! Alguns currículos parecem um reality show de tanto mau gosto.


Do outro lado o recrutador é pressionado pelo demandante da vaga que precisa do contratado para "ontem".
Até que ele consiga passar por todos os do processo, checagem da veracidade dos dados, primeira abordagem telefônica, pesquisa do candidato nas redes sociais e se não está sendo procurado pela polícia (acredite, há casos de se fazer uma busca rápida no Google e encontrar o candidato respondendo a processos criminais..), dinâmica de grupo, entrevista preliminar com o responsável pelo RH, relatório e finalmente a entrevista final com o gestor da vaga a quem ele vai se reportar caso seja contratado.


Correr 2 maratonas deve ser mais light do que todo esse processo!

Um stress!

Mostrar o outro lado é sempre importante para saber que embora pareça que do lado de cá, do profissional candidato à vaga, o processo não anda, do lado de lá a coisa ferve!


Estar atento à própria performance é fundamental. Ninguém pode planejar nosso futuro por nós e futuro não é algo que simplesmente acontece.
Ele é construído dia a dia. A arquitetura da carreira é uma atitude individual e faz parte de um quadro mental e comportamental saudável.


Momento clichê: O tempo voa!

A primeira década do século passou e muita gente nem notou. 2010-2020 vai ser num piscar de olhos também.

Onde você vai estar quando chegar lá? No mesmo trabalho? Fazendo as mesmas coisas que faz hoje? Morando no mesmo lugar? Quantas viagens já terá feito? Qual será seu índice FIB* em 2020?


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Começo de ano é hora de fazer balanços e planos.

Olhar pro lado e ver se está evoluindo ou se está estacionado na carreira.

Olhar pra frente, analisar o mercado e decidir o que fazer para avançar mais um degrau na escalada profissional.

Do outro lado, as escolas aproveitando esse momento de decisão, estão prontas para lançar suas iscas e capturar o maior número de clientes.

Muita calma nessa hora!

Todo cuidado é pouco.

Tem muita gente perdendo o sono pra tomar essa decisão.

Claro, um curso que à vista pode chegar a R$25.ooo e em 23 vezes passa dos R$30.000, tem mesmo é que pensar, repensar, tornar a ver, conversar, caso contrário vai ficar inteligente e pobre.

Será que quem está comprando esse tipo de serviço está ciente que 50% desse valor faz parte do status da grife da escola? O valor da marca é tão ou até mais caro do que o produto ou serviço oferecido.

Ok, eu sei, nenhuma novidade.

O problema é que muitas vezes, se não a maioria, a escolha desse investimento é feita apenas olhando para o status do nome da escola e nem sequer analisando o programa do curso.

Mas isso é uma ilusão.

Procure ver nas listas que tem aos montes no Yahoo ou Grupos sobre oportunidades e vagas de trabalho disponíveis. Por força do meu trabalho, eu assino uma meia dúzia. Todos os dias novos assinantes escrevem uma apresentação nas listas e a primeira frase é inevitável: Tenho MBA na * - - -

Parece um mantra. Um mantra do mal, é claro.

Sério, ou todos decoraram o mesmo texto, ou fazer MBA nessa escola é um mico.
Ou então deve ter um gostinho especial pensar: estou desempregado mas tenho MBA na * - - -

O assunto é sério, estar desempregado é um drama. Tão difícil quanto trabalhar no que não se gosta, nem se sentir valorizado no que faz. Mas será que a única alternativa é se endividar com a esperança de conseguir um trabalho melhor depois do curso na escola famosa? O que na maioria das vezes nem sempre é verdadeiro.

Será que pesquisar uma bibliografia de qualidade sobre o tema e ter a disciplina de fazer um estudo sistemático não pode trazer bons resultados também?
Será que o único diferencial que um profissional pode ter é ser igual à todos?

Basta folhear qualquer revista de carreira para ver a enxurrada de cursos oferecidos nessa época, em todas as áreas.

É um mercado milionário que acena para o sonho do cliente.
O que está sendo vendido não é um curso, mas uma probabilidade. (Ok, é isso o que toda publicidade faz, eu também já sei).

A questão aqui é - O que pode ser feito diferente e trazer um resultado tão bom quanto?

Será que a proficiência em uma segunda ou terceira língua não é um investimento mais seguro? Será que planejar uma viagem de 6 meses fora do país, num intercâmbio de trabalho e aperfeiçoamento de idioma não é mais negócio? Será que procurar fazer um curso por e-learning, e sufocar todo o preconceito provinciano contra essa modalidade de ensino, não é bom também?
Quantas outras alternativas mais existem?

*--- é a ---!

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