Inovação? Onde?

"Quase toda a capacidade cerebral dos seres humanos é usada para continuar crendo no que já acostumaram a aceitar como verdade.

Ínfima é a disponibilidade para se colocar em dúvida alguma convicção.

Pior: a chance é nula se a novidade esbarrar em idéias repisadas como se fossem insuspeitas conclusões científicas. Detesta-se qualquer pensamento que abale algum fundamento aprendido na escola, principalmente nos grandes manuais usados no ensino superior.
Por isso, reflexões que rompem visões convencionais estão fadadas à rejeição do silêncio. "


"It's only business, baby!"

Inteligência de Mercado (IM) é visão sistêmica aplicada.

É sempre bom ampliar o repertório e buscar mais opções sobre temas que parecem inesgotáveis, mas com poucas nuances inovadoras.

Vamos juntando os pontinhos....

O assunto do momento é aquele que ninguém mais consegue ouvir falar. A história daquela instituição de ensino de SP, agora também na mídia global.
O tema extrapolou fronteiras tupi-guarani, pataxó e nhambiquara e foi parar no NYTimes.

Nossa insana mediocridade foi exposta ao mundo, sem véus.

Todos, absolutamente todos os veículos, apenas repetem o que as agências de notícias repassam.

Nessas horas fico profundamente emocionada quando vejo exercício tão grande de alienação e passividade.

Sendo assim, por que não acrescentar um ponto de vista com jeito de investigação de IM?

Diante do sanatório geral e de histeria coletiva costumo ter duas reações: Fico resignada e aceito que: "Sim, Macunaíma nasceu aqui".

Ou ironizo.

Dessa vez preferi a segunda pegada.

A ironia já começa na palavra universidade...e não termina mais.

Puro escárnio.

Sem mencionar o tremendo mau gosto de toda a história e o efeito manada.

Segundo o que foi divulgado, essa empresa tem alguns milhares de clientes, cativos por no mínimo 4 anos. Os números divergem entre 60.000 e 80.000. Não importa. Um ou outro é muita gente. Outra constatação óbvia é que essa clientela, na sua quase totalidade, deve ser da classe C e D e sendo assim, a grande maioria deve utilizar os recursos da Bolsa do Prouni. Cá pra nós: qual empresa não quer receber uma grana limpinha e garantida, ainda mais com isenção de tributos fiscais?

Uma busca básica pelo Google traz alguns dados interessantes:

- PROUNI TEM 23% DAS INSTITUIÇÕES COM NOTA BAIXA

- 55 instituições do ProUni têm notas ruins

Diante desse cenário, como será a disputa das empresas que vendem diplomas na acirrada disputa por ter mais e mais clientes utilizando esse recurso barato e que certamente engrossa a receita. Não é nenhum segredo que o índice de inadimplência das empresas de ensino particular só faz crescer.


Alguns fatos:

- São Paulo é disparado o maior Estado que recebe a Bolsa:

- Desde sua criação o Prouni já custou, em impostos não arrecadados, cerca de R$1 bilhão.

- Em 2011 as instituições que não subirem no ranking que sinaliza a qualidade das escolas poderão ser cortadas do programa.

- Se a União está deixando de arrecadar esse valor, onde ele está? Na conta de quem está sendo descontada essa fatura?

- Se o ranking de uma escola está baixo e ela sabe que a partir de 2011 o MEC poderá cortá-la dessa mamata, o que ela poderia fazer?

- Acertou quem disse Terrorismo Corporativo (ou societário), dá na mesma!

Desde os últimos anos, essas empresas de diploma pertencem a grandes Fundos de Investimento ou Private Equity. O leque de Fundos é amplo, eles escolhem determinados setores da economia que consideram mais promissores e de maior lucratividade.
E a educação é um grande negócio!!
Nesse setor eles preferem agir com vários tentáculos e de preferência bem pulverizado, que é para não deixar muitos rastros. Sua "fome" por lucro não tem fim e não mede nenhum esforço.
Nada contra o lucro. Adoro lucro, o que incomoda é a "fome".

Por fora, na fachada, os nomes das escolas-empresas que pertencem ao mesmo Fundo são até diferentes. Outras logomarcas, diferentes agências de propaganda, públicos distintos, mas nos bastidores todas pertencem aos mesmos acionistas. Ou seja, um determinado Fundo pode ser dono de escolas em várias cidades, que alcancem vários públicos, de preferência em faixas sócio-econômica distintas.

Tem faculdade que foi criada às pressas, por grifes de muito prestígio no ranking das escolas de primeira linha, que já atendem ao público A/B, mas que também queriam fazer parte do banquete do C/D. Mas como elas não podem se expor ficam discretamente na penumbra, só manipulando os fios e movimentando os pequenos gestores marionetes à frente da gestão.

Diante desse cenário quem garante que esse movimento do tabuleiro atual não faz parte de uma ação muito bem planejada para queimar a imagem dessa concorrente de peso do mercado de ensino paulista ( 60.000 a 80.000 clientes)? (concorrente de peso econômico, apenas.)

E se essa "dama de vermelho" e os outros personagens não foram infiltrados para causar justamente essa comoção internacional, esse clima de linchamento para depois ficar mais fácil tirar a escola do mercado? Afinal, no terrorismo todas as ações são válidas.

Quem não quer herdar os milhares de clientes dessa instituição de ensino? Ao mudar de fornecedor eles trarão junto suas Bolsas do Prouni? ( e a isenção fiscal)

Até quando seremos tão ingênuos para continuar acreditando que o que nos é mostrado na superfície é tudo o que se tem para ver e que a versão dos fatos é igual aos fatos?

Estamos lidando com
investidores que buscam no mercado mundial retornos rápidos e a qualquer preço, de preferência fazendo o jogo sujo para que o valor da concorrente caia e possa ser adquirido num leilão na bacia das almas. Ou melhor, fazer uma fusão.

Quem consegue imaginar como funcionam os bastidores das corporações? Ou quanto está em jogo?

Que o que aparece nas telinhas no horário nobre é tudo o que há para ser notado?

Será que é por isso que nosso país é campeão quando o assunto é novela? Somos a sociedade zumbi e do "me engana que eu gosto"?

Até quando nossas empresas vão conseguir fazer parte de um jogo que já mudou as regras faz tempo, se profissionalizou, globalizou, mas a cabeça do dono continua operando com os mesmos valores e parâmetros do tempo das quitandas da esquina?

Nada como lembrar a antiga máxima do marqueteiro do Clinton em 1992: "It's the economy, stupid!". O tempo passou, mas a expressão continua valendo, com uma pequena variação para o século XXI: "It's only business, baby!".

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