O dia em que o Data Mining virou o "mineiro de dados"



Matéria de hoje do jornal Valor publicada no "The Wall Street Journal" , onde infelizmente o título sofreu uma tradução no mínimo triste, no máximo desleixada.
Tão desleixada que deve ter sido feita por uma tradução automática. Chamar "Data Mining" de "mineiro de dados" só rindo. Pelo jeito a crise chegou na redação do jornal e já estão economizando com copy desks e tradutores. Mas ainda assim, acho que damos conta de lidar com detalhes dessa natureza.

Na verdade a essência dessa notícia é que finalmente algumas instituições começaram a abrir os olhos para a importância em se descobrir padrões no comportamento do consumidor e trazer essa análise para os decisores embasarem suas ações. Algo aparentemente simples e até um tanto óbvios, mas que nem sempre é levado em conta. Se isso está apenas começando por lá, imagino quando chegará aos ouvidos dos gestores tapuias...

De qualquer modo, vale a pena a leitura.

_________________________________________

MBAs agora preparam 'mineiros de dados'





Diante do fluxo crescente de dados da internet e outras fontes eletrônicas, muitas empresas começaram a procurar gerentes que saibam interpretar os números usando uma prática em expansão: a análise de dados, também conhecida como inteligência empresarial.
Encontrar candidatos qualificados tem se mostrado difícil, mas as faculdades de administração esperam conseguir preencher a lacuna de talentos.

Nos próximos meses, várias escolas, como a Faculdade de Pós-Graduação em Administração da Universidade Fordham e a Faculdade de Administração Kelley, da Universidade de Indiana, começam a oferecer disciplinas eletivas, cursos de extensão e mestrados em análise de dados; outros cursos e programas do tipo foram lançados no ano passado.

A International Business Machines Corp., que desde 2005 já investiu mais de US$ 14 bilhões para comprar empresas de análise de dados como a Coremetrics e a Netezza Corp., criou uma parceria com mais de 200 faculdades, incluindo a Fordham, para oferecer treinamento e cursos nesse segmento.

"Quanto mais estudantes se formam com conhecimento em áreas que damos importância, melhor não apenas para nossa empresa, mas para as empresas com as quais trabalhamos", disse Steve Mills, vice-presidente sênior e executivo do grupo de software e sistemas da IBM. "No fim das contas, o importante é o que os clientes e compradores realmente precisam."

A análise de dados já foi considerada tarefa de especialistas em matemática, ciência e tecnologia da informação (TI). Mas diante da enxurrada de dados da internet e outras fontes, as empresas querem agora empregados capazes tanto de analisar informações, como também de ajudar as empresas a resolver problemas e criar estratégias. Um exemplo é a grife de luxo Elie Tahari Ltd., que usa a análise de dados para examinar históricos de padrões de compra e prever tendências para a demanda por roupas. A rede americana de pizzarias Papa Gino's Inc., que atua no nordeste dos EUA, usa a análise de dados para examinar como as pessoas usam seu programa de fidelidade e já conseguiu aumentar a média dos pedidos feitos em seu site.


À medida que o uso da análise de dados cresce rapidamente, as empresas vão precisar de funcionários que entendam as informações. Um estudo divulgado em maio pela McKinsey & Co. descobriu que os Estados Unidos enfrentarão até 2018 uma escassez de 1,5 milhão de gerentes que saibam usar os dados para orientar as decisões empresariais.

A XO Communications, uma firma americana de serviços de telecomunicação entre empresas, quer ampliar sua equipe de análise de dados, mas não tem conseguido. Trent Taylor, diretor de inteligência de clientela da XO, disse que não é fácil encontrar alguém que compreenda o contexto empresarial, e que ao mesmo tempo entenda as estatísticas e saiba estruturar um projeto. Cris Payne, gerente sênior de inteligência de consumidores, disse que a XO vai "estudar seriamente" a contratação de formandos em MBA com essas habilidades.

A Fordham vai oferecer uma disciplina obrigatória de análise de dados no próximo semestre - Análise de Marketing - para os estudantes de MBA com foco em marketing. "Tradicionalmente, os estudantes escolhem marketing porque 'não gostam de matemática'", disse Dawn Lerman, diretora do Centro de Marketing Positivo da Fordham. Mas hoje em dia, com tantos dados disponíveis sobre o comportamento do consumidor, "não dá para se esconder da matemática e das estatísticas e ser um bom marketeiro".

Lerman disse que a nova turma de MBA terá de aprender a trabalhar com medidas de marketing relacionadas ao desempenho de uma marca nas lojas e on-line. A Fordham também planeja lançar um mestrado em Inteligência de Marketing em 2012.

A Faculdade de Comércio McIntire, da Universidade de Virgínia, está colaborando há anos com a firma de armazenamento de dados Teradata Corp. para aumentar a presença da análise de dados no currículo dos estudantes, disse Barbara Wixom, professora da faculdade e diretora do mestrado em Administração de TI da McIntire.

A instituição vai lançar nos próximos meses uma especialização eletiva em análise de dados e também vai começar a colaborar com a IBM. "O que mudou é o tipo de estudante que deseja essas ferramentas", disse Wixom. A análise agora é usada nas aulas para marketing e finanças, não só para TI, disse ela.

"A análise de dados certamente é uma das cinco principais coisas que [os executivos] se preocupam em investir mais atualmente", disse Scott Gnau, presidente da Teradata Labs, filial da Teradata. "O setor vai exigir isso. Os estudantes vão exigir isso."

As consultorias, especialmente as que têm clientes de TI, marketing e vendas, também precisam de empregados com conhecimento de análise de dados.

A Deloitte LLP se uniu com a Faculdade de Administração Kelley em novembro passado, para oferecer uma especialização em análise empresarial para seus funcionários de nível intermediário. A especialização tem cursos como Bases da Análise Empresarial e Visualização e Localização de Dados. A faculdade criou uma especialização parecida para empregados da Booz Allen Hamilton Inc.

E, a partir de setembro, os estudantes de MBA da Kelley terão a opção de se especializar em análise empresarial.

A Faculdade de Administração Villanova, no estado da Pensilvânia, está modificando as exigências de graduação para seus candidatos, para que incluam mais disciplinas de estatística. A instituição começou a lançar cursos sobre o tema nos últimos anos. A começar com a próxima turma de calouros, a faculdade vai substituir parte das aulas de cálculo com estatísticas e adicionar um curso de introdução à Análise Empresarial.

O Centro de Inteligência de Clientela da Faculdade de Administração da Universidade Yale oferece aos estudantes a chance de trabalhar em projetos de análise de dados com várias empresas. Um desses projetos, para uma firma de software de contabilidade, usou a análise de dados para avaliar os comentários dos clientes e encontrar indícios de insatisfação e sugestões de melhorias.

Ivan Dremov, que se formou este ano no MBA da Yale com experiência em recrutamento de executivos, trabalhou no projeto. Segundo ele, o treinamento o preparou para realizar tarefas parecidas com as que desempenha em seu novo emprego, uma firma de consultoria estratégica sediada em Nova York. "Quando você diz a eles que pode fazer um projeto de análise de dados usando um software sofisticado, é algo que realmente prestam atenção", disse ele.

Melissa Korn e Shara Tibken | The Wall Street Journal 16/08/2011

Fonte: http://www.valoronline.com.br/impresso/the-wall-street-journal-americas/107/473215/mbas-agora-preparam-mineiros-de-dados

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...