O Labirinto, o Minotauro e o Mercado de Trabalho


Diz a lenda que havia em Creta um labirinto onde morava um Minotauro.
O rei Minos, para vingar a morte de seu filho pelos atenienses, enviava a cada nove anos sete rapazes e sete moças para serem devorados pelo Minotauro, até que Teseu conseguiu matar o monstro e sair do labirinto  ajudado pelo fio de Ariadne.

Não sei porque, mas às vezes tenho a impressão que o Minotauro continua vivo...
Quem já foi numa feira de talentos, dessas que acontecem nas  Universidades pode imaginar o Minotauro.
Durante um dia, uma dúzia de "empresas dos sonhos" dos alunos da "Universidade dos sonhos" se juntam para recrutar trainees e estagiários para suas operações.
E lá vão os alunos, felizes e contentes desejando ardentemente ser "another brick in the wall".

Por que será que sinto esses jovens sendo consumidos pelo Minotauro do "Mercado".

Acho até que seria melhor se ele devorasse mesmo, de uma vez, ao invés de roubar devagarinho seus sonhos, esperanças e a espontaneidade de serem eles mesmos.
Esess jovens podem passar uma vida tentando desesperadamente ser normais e incluídos numa máquina que vai apenas usá-los, sugar seu sangue de canudinho, maltratar suas alminhas e cuspí-los fora. Será que alguém avisou à eles que querer fazer parte do "time", pertencer a uma empresa de grife a qualquer preço, vestir a camisa pode ser fatal para a saúde?
O quadro acima foi publicado numa dessas revistas de negócios.

Nada como o pragmatismo dos números para tornar as coisas mais claras.

A relação candidato/vaga de trainee é desumana, ou imoral: 31.000 para 19 vagas????

O que dizem esses números?

Por exemplo, que os professores e as escolas podem estar deixando de fazer um papel fundamental, que é o de analisar junto com os formandos, os dados reais da economia e do mercado de trabalho.
 

Quem está mostrando que as empresas de médio porte têm hoje o maior índice de movimentação e contratação?

Quem está sugerindo aos alunos que eles podem abrir seu leque de opções e ajustar sua lente de busca para empresas que sequer aparecem no ranking das empresas dos sonhos mas em compensação oferecem muito mais oportunidades do que 19 míseras vagas?

Diz também que o país e os pais, estão gastando um grana imensa para formar bacharéis que vão ser empregados, ou pior - desempregados. 

Um investimento altíssimo para formar mão de obra, que nem técnica é.

Ou seja, que escolas estão fomentando atitudes empreendedoras? Ou mostrando que existe algo chamado planejamento e gestão de carreira, que é possível traçar objetivos para sua atividade profissional e que existe vida inteligente fora dos muros das corporações e das multinacionais?

 

Outra comparação que salta aos olhos é o contraponto com a relação das vagas do vestibular da Medicina da USP. Ora, será esse o topo da cadeia alimentar?

Passar na Medicina e na USP significa algo mais simbólico do que meu míope olhar consegue perceber? 


Alguém avisou à eles que existe vida inteligente fora dos cursos consagrados? 

 

Por que não colocar sua criatividade em ação e empreender? 

Por que não investir em uma empresa de médio porte e escolher crescer junto com ela?


Onde estão as oportunidades profissionais?

Veja só essa história de Brandon Stanton. Com 29 anos, esse americano que trabalhava no mercado de ações em Chicago foi dispensado de seu emprego em 2010.

Sem muitas opções, comprou uma câmera e mudou-se para NY onde começou a fotografar pessoas comuns e suas singularidades e todos os dias postar as fotos em seu blog (humansofnewyork.com) e no Tumblr.
O sucesso foi tanto que agora 400 das melhores fotos viraram um livro que na pré-venda já está na lista dos mais vendidos.

Novos tempos pedem novos pensamentos, novas abordagens. O famoso pensar fora da caixa!  Os resultados, acredite, serão inesperados.



Talvez seja o momento de reencontrar o fio de Ariadne para acabar de vez com o Minotauro.

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