Está na hora de dar mais valor ao diretor de TI

Repassando algumas matérias de jornal onde fica flagrante e " desinteligência de mercado " de algumas empresas.
Continuo na dúvida: Corporação que nasceu na era industrial analógica do século XX vai conseguir adaptar-se ao cenário digital e de rede do século XXI?


John Bussey | The Wall Street Journal - 19/05/2011

A Sony Corp. não é nenhuma relaxada quando se trata de tecnologia, então seu recente embate desastroso com hackers fez empresas do mundo todo se perguntarem: se aconteceu com a gigante japonesa, pode acontecer com a gente?

É claro que a resposta é que já está acontecendo. A Sony entrou para a lista crescente de empresas invadidas facilmente pelos hackers - empresas como a Epsilon, a RSA e a Nasdaq, só para citar algumas.

Junte uma mesa de presidentes de empresas e você vai ouvir histórias sobre os milhares de ataques de hackers que elas bloqueiam constantemente - e às vezes não conseguem impedir.

Mas pergunte a esses executivos se seus diretores de tecnologia da informação se reportam diretamente a eles e, provavelmente, poucos responderão "sim" - menos da metade ou apenas um terço, mostram pesquisas diferentes. Embora a segurança dos dados seja uma prioridade neste século XXI - uma das maiores, segundo a conversa dos executivos -, em muitas empresas o quadro hierárquico ainda está firmemente no século XX. E isso pode ser parte do problema.

"Parte disso é só um pensamento antiquado nas empresas - que a tecnologia é, em essência, apenas algo útil", diz Vasant Dhar, que dirige a parte de TI da Escola de Administração Stern, da Universidade de Nova York. "A informação se tornou uma peça crucial das empresas. Em termos conceituais, realmente não há diferença entre ela e o produto físico." Para proteger e explorá-la apropriadamente, diz ele, o diretor de TI precisa participar da equipe estratégica do mais alto escalão e sentar "à mesma mesa que o diretor-presidente".

O fato de que menos da metade realmente o faça, e que o resto é supervisionado por uma camada adicional ou mais de hierarquia, é uma velha fonte de queixas dos diretores de TI. Especialmente com a expansão das responsabilidades deles, que passaram de apenas supervisionar a intranet da empresa para administrar pela internet a mais complexa interação empresarial entre clientes e fornecedores, algo que aumenta a vulnerabilidade a invasões.

Alguns dos estudiosos dizem que há bons motivos para a queixa e as empresas mostrarão sagacidade se a ouvirem. Um exemplo clássico, dizem, é que as empresas deveriam aproveitar seus diretores de TI para tarefas mais ambiciosas, como ajudar a encontrar novas ideias de produtos e fontes de receita nos dados sobre os clientes. Elas também deveriam usar o diretor para colaborar na decisão de que dados de cliente descartar, já que ou não vale a pena o risco de sofrer uma invasão ao banco de dados ou o cliente nunca pretendeu que informação fosse armazenada.

O risco pode se transformar rapidamente em custo, como mostra o exemplo da Sony. Os hackers surrupiaram milhões de arquivos de clientes do cofre de dados supostamente seguro da Sony. A empresa teve de desligar sua rede PlayStation Network para descobrir o que tinha sido furtado. Quando a Sony conseguir contabilizar o faturamento perdido, as despesas da investigação e outros custos relacionados, a conta pode chegar a centenas de milhões de dólares, segundo estimativas externas.

Acrescente a isso a perda da confiança - e da lealdade - dos clientes. "Só quero saber quando posso voltar a jogar Madden", escreveu um cliente do popular jogo de futebol americano, antes de a Sony retomar o site do PlayStation, no fim de semana. "Olá Xbox", escreveu outro dono de PlayStation no fim de semana, ameaçando mudar para o concorrente da Microsoft.

É bom fechar a porta do estábulo mesmo quando o cavalo já fugiu, e a Sony tomou um passo nessa direção e anunciou a criação de um diretor de segurança de TI em sua hierarquia.

Quando perguntado por que a empresa de entretenimento não tinha esse cargo, um porta-voz disse: "A Sony sempre se esforçou para proteger a integridade de nossos sistemas e dos dados neles, mas o ataque que sofremos serviu de lembrete de que nenhum sistema é invencível. O novo cargo de diretor de segurança de TI vai manter um foco dinâmico nas últimas ameaças à segurança e nas defesas avançadas contra essas ameaças, para garantir nosso compromisso inabalável de proteção dos dados de nossos clientes". ( sic)

As empresas que dependem especialmente dos dados, muitas delas na área financeira, já têm diretores de segurança de TI há algum tempo. Shawn Banerji, que contrata esses profissionais na firma de recrutamento executivo Russell Reynolds, diz que o cargo é uma das categorias de emprego mais procuradas no mundo atual da tecnologia. As companhias que o empregam, diz Banerji, também tendem a permitir que o diretor de TI fique próximo do diretor-presidente, para que possam se comunicar diretamente.

Na Sony, como em muitas outras empresas, ainda não é assim. O novo diretor de segurança de TI da Sony será supervisionado pelo diretor de TI, que continua a ser supervisionado pelo diretor de transformação, que, por sua vez, é supervisionado pelo diretor-presidente. ( ??)

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