Redes Sociais: "Do Broadcast ao Socialcast"
"As múltiplas faces da inteligência".
Falar desse tema aqui? Esse não é o lugar errado para tratar disso?
Não, se partirmos do princípio que sem saúde não há vida, nem trabalho, mercado e competitividade. Portanto nesse espaço também cabe esse assunto. Se seu corpo e sua mente não estiverem em forma, ou o mais próximo disso, desencana, você vai ser um peso para o mundo. E não tem empresa que aguente carregar um peso morto. Nem família, nem amigos.
Inteligência começa quando eu olho para o meu umbigo e me cuido, com consciência. (Comprar frutinha descascada na bandejinha de isopor no supermercado não é exatamente uma atitude inteligente, pode ser cômodo.... mas o resultado está muito longe da saúde, além de ser insustentável do ponto de vista sócio-ambiental).
Embora possa parecer mórbido, a essência desse assunto é de esperança e coragem. Principalmente para quem ouviu que o filho tinha toda a chance de ficar em estado vegetativo e hoje o vê recomeçando a trocar os primeiros passos. Uma grande vitória a comemorar. Portanto, nem tudo que os médicos falam é confiável. Aliás, hoje em dia, apenas uma minúscula parte é, e mesmo assim, deve ser confrontada com mais outras tantas opiniões exaustivamente, até você ficar convencido, caso contrário recuse diagnósticos furados.
Mas uma coisa ficou evidente nessa recente passagem pelo hospital:
O AVC é uma das epidemias do nosso século
Mas tem gente que passa por isso, vai além e dá exemplo de superação e criatividade!!
Na época do acidente de carro do meu filho, quando ele ainda estava em coma, um amigo me enviou o livro da Dra. Jill Bolte Taylor, neurocientista de Harvard, sobre sua experiência com um derrame em 1996
"A cientista que curou seu próprio cérebro". Imperdível.
Ela esteve dos dois lados do balcão. Como pesquisadora do cérebro e como paciente. O que ela ensina no livro é fundamental para que possamos entender como começar a lidar com esse paciente. Nesse trabalho ela conta como superou, depois de 8 anos, todas as dificuldades e sequelas do AVC.
O primeiro passo foi sentir-se responsável pelo próprio corpo. Deu muito trabalho, mas foi possível.
Quem se interessar pode assistir Aqui uma palestra dela relatando uma parte dos fatos.
Já o filme francês "O escafandro e a borboleta" não deve ser visto por quem é impressionável.
Nem por quem acha que não consegue fazer algo interessante na vida.
Em 1995 o editor-chefe da revista Elle, com 42 anos teve um derrame. Do nada. Dirigindo um carro, na estrada. Com um agravante, no caso dele veio acompanhado de uma síndrome conhecida como locked in, uma rara condição em que a pessoa fica consciente, com a percepção preservada, mas totalmente paralisada. Como se a mente estivesse presa num corpo que não responde aos desejos de movimento. E mesmo podendo mexer apenas uma pálpebra, sua fonoaudióloga encontrou uma técnica eficiente e ele escreveu o livro que gerou o filme.
Enquanto acharmos que coisas ruins só ocorrem com os outros, seremos vítimas fáceis desse inferno em vida!!
Tudo começa com uma atitude simples: assumir a responsabilidade, não só pela nossa própria vida, como também pela nossa própria morte e consequência dos nossos atos.
Sobre isso, o excelente texto "Adultos Infantilizados" de Contardo Calligaris na Folha do dia 26/11/09, mostra que isso é um luxo cada vez mais distante.
Nossa geração prefere abrir mão da autonomia em nome da zona de conforto.
Ok, são escolhas e cada uma delas vai trazer suas consequencias - mais cedo ou mais tarde.
E para quem acha que a vida já não está muito fácil, mesmo com todas as funções acontecendo regularmente, imagina com deficiência e falta de liberdade e independência?
Mesmo com todos esse exemplos de superação de dificuldades, de minha parte eu escolhi um outro conceito de felicidade. Eu escolho ter saúde e até ter uma morte súbita e instantânea. A lógica é de uma simplicidade franciscana.
Não quero passar por nenhum corredor de hospital, muito menos UTI, mas se eu chegar a entrar, por favor, desliguem todos os aparelhos.
Isso me lembra a última cena da "Era do Gelo 2".